Joe Biden, ultrapassou na ultima semana o número necessário para ser indicado como candidato Democrata à Casa Branca. Deverá ser escolhido na Convenção Nacional do partido entre os dias 17-20 de Agosto em Milwaukee, Wisconsin. Mas, que Biden é o candidato oficial do Partido Democrata, nós já sabemos, desde a desistência do Senador por Vermont, Bernie Sanders. A pergunta que paira no ar é: Quem será a candidata a vice-presidente na chapa de Biden?
A única certeza dada pela campanha é de que será uma mulher. O The Washington Post elencou 11 candidatas, colocando a senadora Kamala Harris (D-CA), a senadora Elizabeth Warren (D-MA) e a governadora do Michigan, Gretchen Whitmer no top 3.
O The Progress Campaing, um grupo democrata progressista, usando seu modelo para mapear quais candidatas e em quais estados, aumentariam as chances de Joe Biden ganhar.
Hoje, o grupo, considera que Biden tem 74.27% de chances de ganhar as eleições em novembro. Usarei esse número APENAS como uma base para considerar se determinada vice, aumentaria ou reduziria as chances de Joe Biden se eleger o 46º Presidente dos Estados Unidos.
Obs: Os mapas NÃO são referentes ao Colégio Eleitoral. Estados em azul correspondem a aumento de chances de ganhar, já estados em vermelho, a redução das chances. Portanto se a California aparece de vermelho e o Texas de Azul, isso não significa que a Califórnia viraria republicana e o Texas democrata.
Amy Klobuchar (Minnesota)
Klobuchar foi candidata à Presidente nas primárias democratas de 2020, com um desempenho que surpreendeu em Iowa e New Hampshire. Senadora por Minnesota e potencial candidata a presidência em eleições posteriores, Klobuchar conseguiu arrebanhar uma base fiel, em especial com democratas moderados e a população idosa, base bem parecida com o perfil de Biden.
Amy Klobuchar foi considerada como forte candidata a vice de Biden, quando suspendeu a campanha antes da Super Terça, pavimentando o caminho do seu então adversário com favorito. Hoje, com o avanço da candidatura de Biden e seu ostracismo frente a falta de publicidade e eventos de campanha, Klobuchar é cada vez menos cotada para assumir a candidatura de Vice-Presidente.
Ao mesmo tempo que Klobuchar ajudaria Biden a ganhar em estados importantes como Ohio e Iowa, além do seu próprio estado, Minnesota, reduziria em muitos outros, como Flórida, Arizona, North Carolina, Pennsylvania, New Hampshire, Virginia, Michigan, Wisconsin e Nevada.
Klobuchar se sai mal, principalmente com dois grupos, afro-americanos e jovens abaixo dos 30 anos, o que reduz as chances de Biden vencer de 74.27% para 69.12%.
Kamala Harris (California)
Harris também foi candidata a Presidente, mas desistiu antes mesmo do início das primárias.
É senadora pela California desde 2017 e anteriormente era Procuradora Geral do Estada da California, se pautando pela defesa de grupos minoritários como os LGBTs e imigrantes indocumentados, além da defesa da comunidade afro-americana.
Apesar de ser de um estado extremamente democrata, e em tese, não faria diferença no Colégio Eleitoral, Kamala Harris surge como uma forma de balancear a chapa de Biden, que é um homem branco, idoso e moderado. Além disso Harris detém um apoio muito grande na comunidade afro-americana e é extremamente conhecida a nível nacional.
Harris aumentaria as chances de Biden ganhar em uma das regiões mais importantes, o Cinturão da Ferrugem (Rust Belt) nos estados de Minnesota, Wisconsin, Iowa Ohio e Pennsyvania. Além disso aumentaria as chances de vencer no Cinturão do Sol (Sun Belt), em especial nos estados do Arizona, New Mexico, Texas e Gerogia.
Reduziria as chances de vitória em estados que já são extremamente republicanos como Wyoming, Lousiana, Arkansas, Tennessee, Kentuky e West Virginia, mas também em um estado importante, New Hampshire.
Harris aumentaria as chances de Biden ganhar de 74.27% para 75.19%.
Val Demings (Florida)
Demings é congressista pelo 10º distrito da Flórida, que corresponde parte da cidade de Orlando. Foi chefe do departamento de polícia de Orlando até 2017.
Ficou nacionalmente conhecida, quando a Presidente da Câmara, Nancy Pelosi (D-CA) a selecionou para coordenar o processo de Impeachment de Trump.
Val Demings seria uma escolha estratégica, em especial com o movimento Black Lives Matters, por ser afro-americana e uma policial que lutou contra a discriminação racial dentro da polícia. Além disso, assim como Harris seria um ideal para balancer a chapa com Biden.
Aumentaria as chances de Biden vencer no cinturão da Biblia (Bible Belt), em especial na Flórida e Georgia, onde é extremamente conhecida, além de North Carolina, South Carolina e Texas.
O desconhecimento de seu nome no cinturão da ferrugem é um ponto negativo para uma possível candidatura.
Demings aumentaria as chances de Biden ganhar de 74.27% para 75.81%.
Stacey Abrams (Georgia)
Ex-deputada estadual e líder da minoria na Assembleia Estadual da Georgia. Foi candidata a governadora em 2018, mas perdeu para o candidato republicano Brian Kemp por uma diferença de menos de 50 mil votos, a eleição mais disputada no estado da Georgia. Foi cotada para se candidatar a uma cadeira para o Senado, mas preferiu fazer uma forte campanha para ser vice-presidente, seja de Joe Biden ou de Bernie Sanders. Abrams aparece em todas as listas como uma das mais cotadas para compor a chapa de Biden. Detem forte apoio da ala progressista do partido, em especial Bernie Sanders (I-VT) e Alexandra Ocácio-Cortez (D-NY). Além disso seu nome é forte na comunidade afro-americana e na população jovem abaixo dos 30 anos. Abrams ajudaria a trazer os jovens que optaram por Bernie Sanders.
Abrams teria um desempenho parecido com Val Demins, em especial nos Cinturões da Biblia e do Sol, até por representarem estados vizinhos. Abrams abririam uma vantagem maior na Georgia. Além disso, por ser mais conhecida nacionalmente, tem um desempenho melhor no Cinturão da Ferrugem, aumentando as chances de Biden vencer a Pennsylvania, Ohio, Michigan e Wisconsin.
Abrams aumentaria as chances de Biden ganhar de 74.27% para 78.19%.
Elizabeth Warren (Massachusetts)
Elizabeth Warren, é talvez, candidata a vice mais conhecida dentra as demais. Warren foi candidata nas primárias de 2020, e suspendeu a candidatura por seu baixo desempenho em estados chave e com a definição de Biden como favorito. Warren é senadora pelo estado de Massachusetts desde 2013, e seu posicionamento progressista a colocou como a principal candidata a presidente após a derrota de Hillary Clinton em 2016 e a avançada idade de Bernie Sanders. Seu apoio se baseia na população jovem, universitária, LGBT e progressista.
Warren aumentaria as chances de Biden vencer, inclusive em áreas republicanas. Com Warren em sua chapa, as chances de Biden vencer aumentariam em especial nas áreas com azul mais escuro, entre elas Texas (estado que se tornou swing state), Michigan (onde Trump venceu por uma pequena margem de 0.2%), Winsconsin, além de Iowa Missouri, North Carolina, New Hampshire, Arizona, Missouri e Georgia.
Reduziria em estados que são republicanos e sem perspectiva de mudanças como Louisiana, Kentuky e Wyoming, além de Delawere que é extremamente democrata e que deve permanecer, especialmente por ser o estado de Joe Biden.
Warren aumentaria as chances de Biden ganhar de 74.27% para 84.91%.
Elizabeth Warren, hoje seria a melhor escolha, dentro do partido Democrata para ser vice-presidente na chapa de Joe Biden. Balancearia Biden, tanto por ser mulher, mas principalmente por ser mais progressista, atraindo os votos rebeldes daqueles que apoiaram Sanders em 2016 e não votaram em Hillary Clinton.
Daniel Pimenta, graduando em Relações Internacionais pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC-Minas), especialista em política eleitoral com foco na política Israelense, Britânica, Americana e Portuguesa.
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