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Possíveis impactos do Coronavírus (COVID-19)

Foto do escritor: Fabiana DinizFabiana Diniz

A medida que novos casos de contaminação com o coronavírus, COVID-19, aparecem em países cada vez mais distantes da China, como Argélia, Brasil, EUA, Itália e Reino Unido, o medo de que essa epidemia torne-se uma pandemia cresce. Com esse intuito, este artigo será dividido em três partes, na primeira serão tratados os possíveis impactos para a China, na segunda parte serão apresentados alguns dos possíveis impactos nas organizações internacionais e a terceira irá se concentrar nos potenciais impactos na economia global.


Para a China, sendo o centro da epidemia, controlá-la é de forma rápida e eficiente é de grande importância, não apenas para evitar que o número de contaminados e mortos continue a crescer, mas também de maneira a reduzir os impactos econômicos - os quais serão tratados mais adiante -, e políticos. A China apresenta-se como uma potência emergente, o que faz com que a sua imagem internacional seja de para o estabelecimento da sua posição no sistema internacional. Podemos dizer que o mundo todo está observando o que o regime chinês está fazendo e isso impacta na forma como enxergam o país e a sua posição no cenário internacional, sobretudo se a China é um país confiável ou não. Por isso, impedir que o vírus se dissemine dentro do seu próprio território e para outro país e que o número de mortos seja mantido ao mínimo são as principais preocupações da China e do mundo, principalmente porque o vírus apresenta uma rápida dispersão, o que pode ser exemplificado pelo fato que a marca de 1.000 indivíduos contaminados foi alcançada em apenas 48 dias, enquanto que o Síndrome Respiratória Aguda Grave (SARS), epidemia que assolou a China e Hong Kong entre 2002 e 2003, demorou 130 dias para alcançar essa mesma marca.


Dadas as questões apresentadas anteriormente, o regime chinês precisa mostrar que possui os sistemas e as estruturas adequadas para lidar com essa epidemia, e acima de tudo, que é capaz de agir de forma rápida e eficiente em situações de crise, pois uma das coisas esperadas de uma potência mundial é que essa seja capaz de atuar em cenários de crise de maneira a assegurar o status quo ou ao menos de maneira a impedir que isso torne-se uma crise ainda maior. Deste modo, para a posição da China no atual sistema internacional, assim como para que consiga ocupar a posição que deseja é necessário mostrar que possui capacidade de lidar com a atual crise.


A medida que o vírus se espalha para outros países passa a ser necessária a participação de diversos atores, não apenas dos países, mas também das organizações internacionais, como por exemplo, a Organização Mundial da Saúde (OMS), o que demanda que a China tenha um bom relacionamento com essas organizações e com outros países afetados, a exemplo com a Coréia do Sul, Japão e Itália. Ou seja, a China precisa mostrar que possui também capacidade diplomática para trabalhar de forma conjunta a esses, principalmente, durante momentos de crise. Isto mostra-se mais um teste para o regime chinês, pois o sucesso dessas relações assim como o sucesso na contenção do coronavírus apresenta-se como uma possível forma do regime chinês buscar mudar a percepção de parte do mundo, principalmente daqueles no ocidente; de que a China é um poder emergente desestabilizador do sistema internacional e que é uma ameaça que deve ser contida - o que auxiliaria o regime chinês alcançar a posição desejada no sistema internacional.


Outra questão de extrema importância para a China são os possíveis impactos da epidemia na estabilidade do regime, principalmente a manutenção do presidente Xi Jinping no poder. A partir do momento que este enunciou ao chefe da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, que todas as questões relacionadas à epidemia dentro do território chinês serão lideradas pelo regime e seu líder; a responsabilidade por tudo aquilo que acontece e que possa acontecer, ao menos discursivamente passa a ser do seu governo, mas principalmente do presidente.


A ONU foi criada após a Segunda Guerra Mundial com base na ideia de que era necessário o estabelecimento de palcos internacionais que promovessem a tomada de decisão de forma multilateral, assim como o surgimento de novos modelos de organizações internacionais, as quais fossem capaz de agir de forma imparcial. Isso fez com que o número de organizações e o espaço que ocupam no cenário internacional crescesse e posicionando-se a frente da busca por soluções de crises internacionais. No entanto, após o ataque do 11 de setembro de 2001 nos EUA podemos observar que esta tendência foi substituída por uma nova, na qual os Estados passaram a dar preferência a adoção de posições unilaterais ou acordos ad hoc - alianças que visam lidar com situações pontuais - e assim o espaço de ação das organizações internacionais regrediu.


Uma forma de reverter essa tendência é por meio da apresentação de dados concretos pelas organizações internacionais acerca dos seus trabalhos e resultados. Por isso, a presença da OMS no centro do processo de controle da epidemia mostra-se como uma oportunidade de demonstrar a relevância das organizações internacionais, pois o sucesso das operações servirá como uma forma de justificar o aumento do seus orçamentos, assim como demanda por maior espaço para ação. Caso o contrário ocorra, e a epidemia não seja controlada de forma eficiente, poderá fortalecer a ideia de que as organizações internacionais são desnecessárias e que os recursos dos Estados podem ser melhor utilizados.



A China é o principal parceiro comercial de cerca de 120 países; é a segunda maior economia do mundo, assim como faz parte das principais cadeias produtivas, o que significa que qualquer perturbação na linha produtiva e na economia chinesa irá afetar a produção e a economia mundial. Exemplo disso foi o anúncio da Apple de que a sua sua produção de iphones e outros produtos será comprometida. Com o aparecimento de casos em países como o Japão empresas como a Nissan suspenderam as atividades em algumas de suas fábricas, o que impacta diretamente na produção econômica deste país. Uma das principais preocupações para países como o Camboja, Vietnã, Coréia do Sul, etc., os quais dependem do fornecimento de peças pelas indústrias chinesas para as suas próprias produções. Assim diversas cadeias de produção, principalmente cadeias globais estão tendo que diminuir o ritmo das suas operações ou até mesmo parar.


Além dos impactos tratados anteriormente é necessário observar que ao passo que novos casos surgem em países, com a Argélia, Brasil, EUA, Itália, Reino Unido, entre outros, as economias desses países também serão impactadas pela presença do vírus em seu próprio território, principalmente se o número de contaminados crescer rapidamente, pois as cadeias produtivas nacionais também serão afetadas.


Por isso, os impactos negativos dessa epidemia na economia global podem ser ainda maiores aos já previstos pelo FMI, o qual anunciou uma redução de 0,1% da expectativa no crescimento do PIB mundial de 2020, além de reduzir a expectativa do crescimento do PIB chinês para 5,9%, valores que já preocupam os economistas, empresários, políticos e cidadãos de todo o mundo, pois significa que a recuperação econômica mundial será mais lenta daquela esperada, podendo resultar até em contração econômica, sobretudo em países asiáticos e africanos que possuem economias fortemente integradas à chinesa, um possível aumento dos preços e do desemprego ao redor do mundo.


Dessa forma, é necessário que a epidemia do CONVID-19 seja controlada o mais rapidamente, de maneira a limitar o número de contaminados e mortos ao mínimo possível, assim como evitar que resulte em consequências que erodam os esforços feitos pelo regime chinês nos últimos 50 anos, os quais visam tornar a China numa potência mundial. Além disso, essa epidemia se mostra como um momento de teste e de oportunidade para as organizações internacionais, principalmente para a OMS, mostrarem aos líderes mundiais que a existência dessas organizações é necessária e relevante dentro da ordem mundial. Assim como forma de minimizar os impactos econômicos esperados.


Fabiana Diniz graduanda de Relações Internacionais, Ibmec-Minas.

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