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Malandro é malandro, mané é mané

Foto do escritor: Marcos NogueiraMarcos Nogueira

Atualizado: 5 de jan. de 2020

Primeiramente, aos leitores assíduos deste blog, meu nome é Marcos Nogueira, tenho 22 anos e sou economista Summa Cum Laude do Ibmec. Foi com muita honra que aceitei o convite de meus amigos Daniel Pimenta e Rodrigo Bueno para comentar um pouco do aspecto econômico de nossos tempos marcados por Start-ups, inovações, recordes da bolsa, juros na mínima, entre outros. Mas não é isso que você leitor quer saber, então vamos aos fatos.


Sim, a bolsa bateu seu recorde diversas vezes neste ano de 2019 e o número de investidores na bolsa de valores passa de 1,5 milhão, mas ainda há mais por vir. O índice IBOVESPA dolarizado está próximo de 30 mil pontos, ainda longe de seus picos históricos (na casa de 45 mil pontos). Outro indício que estamos em um momento muito favorável é o fato de que o IBOVESPA valorizou 33,36% em 2019, contra um ganho de 5,91% do CDI (Certificado de Depósito Interbancário), mas, desde 2010, subiu míseros 57%, contra 153% do indicador de renda fixa. Uma dose de cautela não faz mal a ninguém, mas é claro o momento em que vivemos aqui.


Pode-se ver nitidamente que ainda há bastante espaço do crescimento das ações índice, caracterizadas maioritariamente por empresas gigantes ou grandes de nosso país. Toda essa alta vem nitidamente de avanços que tivemos em relação à taxa de juros e às leis de gastos do governo, mas ainda não tivemos altas condizentes nos lucros das companhias, algo que deve alavancar a bolsa de valores nos próximos anos.


Falando de investimentos não usuais, o (sempre esquecido) IFIX (índice de fundos imobiliários, mercado que promete muito com o ciclo econômico no início), subiu 33%, mas bem abaixo do (quase desconhecido) BDRX, correspondente aos BDRs (Brazilian Depositary Receipts) da bolsa, ações de empresas internacionais listadas em terras tupiniquins, que valorizou 37%. A multiplicação destes índices só não foi maior do que a da desinformação: Educadores financeiros que nunca investiram, Day-traders que dão curso com 6 meses de profissão, anúncios maravilhosos de relatórios sobre mercado e recrutadores de pirâmides financeiras (sob os amigáveis nomes de Marketing Multinível ou Ganhos com Criptomoedas) poluíram os vídeos no YouTube da senhorinha que quer aprender a fazer outro tipo de bolo, do menino de 13 anos procurando gameplays de seu jogo favorito e, o que é mais grave, do meu. Tenho que ser honesto aqui e citar que há exceções, pessoas que realmente produziram conteúdos que ajudaram muita gente, mas esse não foi o cenário mais comum.


A base dessas pessoas é majoritariamente as redes sociais, que nos entregam conteúdos maravilhosos, como memes e stickers de whatsapp, mas também dão sustentação para fake News, que se multiplicam dia após dia, tornando-se de vez um caso de calamidade pública, a ponto de grandes redes de comunicação, como Folha e Globo, criarem instituições internas para a fiscalização e monitoramento (obviamente, dos outros). Bom senso e canja de galinha nunca fizeram tão bem igual nos dias de hoje. Isso nitidamente vale tanto para bolsa de valores quanto grupos online.


Falando de burocracia (Douglass North e Ronald Coase se orgulhariam de mim agora), as mudanças institucionais pelas quais o Brasil passa são nítidas e elas serão drivers importantes da economia brasileira nos próximos anos. Já aprovamos uma reforma trabalhista, que inverteu a curva de desemprego no país (em novembro/2019, tivemos quase 100 mil empregos gerados), e uma reforma da previdência que promete inverter o avanço da relação dívida/PIB, levando-a de seus atuais (e alarmantes) 78%, para algo em torno de 60% em 2030. Com isso, o risco país brasileiro pode decair fortemente e a inflação pôde ser controlada em patamares extremamente baixos.


A continuidade da agenda de reformas, notadamente a tributária e a administrativa, vem para inverter outra tendência perversa da economia brasileira recente: o crescente crescimento de impostos sobre a população, exatamente para que essa máquina enorme possa funcionar (se ela funciona de fato ou não é outra discussão). Como bem dizem meus ídolos Mansueto Junior, Marcos Lisboa e Samuel Pessoa no artigo “O Ajuste Inevitável (já fica a recomendação), a maior carga tributária atual em comparação com a de 16 anos atrás implica maiores custos sociais e econômicos decorrentes de um aumento nos impostos e prejudica a retomada do crescimento, pois significa menores recursos para o investimento privado em um país de renda média, porém já com carga tributária de país desenvolvido. A carga tributária passou de cerca de 25% do PIB em 1991 para pouco mais de 35% em 2014, enquanto a maior parte dos países emergentes apresenta uma carga abaixo de 30%. Nesse período, a renda real do país cresceu 103%, enquanto a receita de impostos cresceu quase 184%. Isso significa que, nesses 15 anos, o setor público se apropriou de 45% do crescimento da renda nacional para financiar os seus gastos, incluindo os programas de transferência de renda, as despesas com previdência e as demais políticas públicas”. As contas públicas seguem mal, com ainda muitos gastos do governo engessados por lei, mas pelo menos, como um menino pequeno que leva bronca da professora e da mãe por mal comportamento, estamos começando a aprender como as regras econômicas funcionam.


Por falar em distração, enquanto a ONU distraia o mundo com Greta Thumberg e Emma Watson (PotterHeads favor não me ameaçarem, sou um de vocês) falando de seus sonhos de ver unicórnios e pandas saltitando juntos em um arco-íris, o dólar valorizou, ultrapassando e permanecendo consistentemente acima de R$4,00 e reafirmando o novo equilíbrio econômico do Brasil (Juros baixos e dólar alto) citado pelo ministro Paulo Guedes. O ministro da economia, aliás, é apenas um exemplo dos ganhos que tivemos com Bolsonaro, seus amigos e seus filhos distraindo a imprensa com pautas irrelevantes, como a rixa com o presidente francês Emmanuel Macron.


Além dele, um membro da escola de Chicago que faz nós, economistas liberais, termos um pouco de nostalgia, destaco o trabalho de Sérgio Moro na Justiça, a ponto de colocá-lo como possível candidato à presidência, e Tarcísio de Freitas na infraestrutura, melhor ministro deste governo para quem vos fala. Salim Mattar nas privatizações deu um show à parte e mandou mais de 50 empresas para a iniciativa privada, com projeção de mais de 100 para o ano que se inicia (número este que pode chegar a 300 dependendo de como andarem as privatizações da Eletrobras e suas subsidiárias. Ah, antes que me esqueça, Petrobrás, Caixa e Banco do Brasil, as queridinhas de qualquer governo, sabemos muito bem o porquê, foram vetadas por #SuperGuedes e não serão privatizadas, por enquanto...).


A vida pessoal e as polêmicas do craque brasileiro Neymar também estiveram entre as pautas favoritas da imprensa nacional e mundial. Enquanto a sociedade se dividia entre pessoas que defendiam cegamente o jogador e os que o acusavam sem de nada saber de sua vida, outro tema não tão importante deve seguir sendo destaque no primeiro semestre de 2020: a evolução das negociações comerciais de Estados Unidos e China, que um dia avançam e no outro regridem, sem terem tomado um rumo muito consensual durante todo o ano, mas que parecem caminhar para um acordo razoável para ambas as partes. Certamente, como liberal, é bem improvável que seja um acordo com o qual concordarei latu sensu, mas será interessante entender como ele afetará o balanço de poder mundial dividido entre o dragão asiático e a terra do Tio Sam.

Na pauta internacional, as chances de uma recessão global, pelo menos a princípio, parecem ter se dissipado. Os bons números de atividade manufatureira na China e nos Estados Unidos, assim como em outros países, a ampliação do crédito e o petróleo longe de seus preços máximos favorecem essa tese. Apesar de ser liberal, concordo com Keynes (diga-se de passagem, KEYNES NÃO ERA ECONOMISTA) quando, em sua teoria, ele diz que o PIB externo é exógeno. De fato, não podemos influenciar o produto externo, somos uma economia pequena no mundo (sim, somos pequenos, apesar de muitos lardearem por aí o contrário. Para provar isso, pense em quem sede primeiro nas negociações internacionais entre Brasil e China, ou Brasil e Estados Unidos), mas podemos nos preparar para ela. Melhora do ambiente de negócios e abertura da economia podem trazer ganhos relevantes nessas frentes, tanto por disponibilidade de capital (hoje temos US$15 trilhões em juros negativos no mundo, o que explica em parte as investidas do japonês SoftBank em empresas como QuintoAndar e Banco Inter) quanto por eficiência econômica.


Ainda, todo dia de manhã você pode ter duas notificações certas no seu celular: mensagens de bom dia com o nascer do sol das suas tias e problemas da Venezuela. A situação do país de Hugo Chaves (Ops, de Nicolás Maduro, ou de Juan Guaidó, já não sei mais) se agrava a cada ponto percentual da inflação que sobe, a cada prateleira de supermercado vazia, a cada pessoa com fome. De passagem, piadas de humor negro econômico a parte, quanto mais a situação da terra de 7 misses universo se deteriora, com os protestos sendo cada vez mais fortes, o que gera não apenas a pobreza e a miséria de uma pequena guerra civil, mas também caos e desordem, teóricos da conspiração e marxistas são cada vez mais comuns na internet brasileira.


O marxismo é um extremo, o liberalismo, que defendo, é outro, mas estes extremos do pensamento econômico ficaram bem de lado nos últimos ano, pois deram espaço aos extremos políticos. O julgamento de valor do que é melhor cabe ao leitor, mas é fato que a disputa entre Bolsominions e Lulistas se agrava a cada dia, não apenas nas redes sociais, mas em toda a sociedade, numa verdadeira peça que lembra o meme do homem aranha brigando consigo mesmo. Economicamente falando, os dois lados dessa disputa estão errados e de nada agregam, pois o sucesso deste governo não se deve ao presidente, que tem sido muito mais um empecilho do que uma ajuda, assim como a gastança petista nos jogou na pior recessão de nossa história. O governo atual promete uma nova política, mas aprova valores recordes para o fundo partidário e permite o nepotismo correr solto em todas as instâncias de poder, mais notadamente a do Supremo Tribunal Federal, que ganhou destaque nas últimas semanas da segunda década do século XXI, identicamente ao que seu predecessor fazia.


Os investidores externos não vieram para o Brasil ainda, mas, se fizermos o dever de casa, não precisaremos muito deles e os aguardaremos apenas para agregar mais ganhos a nossos portfólios. O Brasil é um malandro, prometeu ser o país do futuro para meus avós e meus pais, agora está prometendo para mim. Se as previsões e expectativas que escrevo aqui forem frustradas, serei um mané, mas isso só o tempo pode dizer.


Por sinal, não parou de chover em BH desde o reveillon. Será que os astrólogos de plantão podem me dizer se isso é um sinal de algo ou não?

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