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Smells like a "Blue" Spirit - Como os democratas caminham para controlar o Congresso Americano.

Foto do escritor: Daniel PimentaDaniel Pimenta

Daniel Pimenta*

Hoje os democratas controlam a Câmara dos Representantes e os Republicanos controlam o Senado. Essa dinâmica é interessante, especialmente para fazer um balanceamento e impedir que medidas radicais de ambos os lados passem sem uma oposição qualificada. Desde a eleição de Donald Trump, em 2016, pudemos notar um aumento gradual no apoio a candidatos democratas, em especial no Congresso. Em 2017, na eleição especial para o Alabama, Doug Jones derrotou o republicano Roy Moore. A ultima vez que um democrata foi eleito pelo estado do Alabama para o senado, foi em 1986. A vaga era ocupada por Jeff Sessions, que na época fazia parte da administração Trump.

Já em 2018, no Senado os democratas venceram o republicanos em Nevada (Jacky Rosen) e Arizona (Kyrsten Sinema). Já na Câmara, que era controlada pelos republicanos, os democratas ganharam 41 assentos, retomando o controle e elegendo Nancy Pelosi (CA-12) como Presidente da Câmara. Com vitórias expressivas em estados republicanos como Utah, Arizona, South Carolina, Oklahoma, Texas e Kansas, além de estados chave como Iowa, Michigan e Pennsylvania. Apesar de ser considerada pela mídia como uma Onda Azul (Blue Wave) a vitória foi mais uma marolinha. Apesar de terem conseguido ganhar o controle da Câmara dos Representantes e eleger Nancy Pelosi, no caso do Senado perderam cadeiras importantes no Missouri, Florida, North Dakota e Indiana.

Para 2020, as perspectivas são favoráveis aos democratas.

No senado a situação é de 53 senadores republicanos e 47 democratas. Para as eleições de 2020, 35 cadeiras estarão em jogo. Destas 35 cadeiras, 17 são consideradas seguras para os respectivos partidos:


Partido Republicano (10 safe seats)

  • Idaho - Jim Risch (Senador desde 2009) x Paulette Jordan (Democrata - Deputada Estadual e candidata a Governadora em 2018)

  • Wyoming - Candidatos a serem escolhidos nas primárias em 18 de Agosto.

  • South Dakota - Mike Rounds (Senador desde 2015) x Daniel Ahlers (Democrata - Deputado Estadual e ex-Senador Estadual)

  • Nebraska - Ben Sasse (Senador desde 2015 x Chris Janicek (Democrata - Empresário e candidato ao senado em 2018)

  • Oklahoma - Jim Inhofe (Senador desde 1994) x Abby Broyles (Democrata - Repórter da KFOR-TV afiliada da NBC)

  • Arkansas - Tom Cotton (Senador desde 2015) x Ricky Harrington Jr. (Libertário - Missionário Cristão)

  • Louisiana - Bill Cassidy (Senador desde 2015) x Candidato democrata a ser escolhido nas primárias do dia da eleição.

  • Mississippi - Cindy Hayde-Smith (Senadora desde 2018) x Mike Espy (Democrata - Secretario da Agricultura na Administração Clinton)

  • Tenneessee - Candidatos a serem escolhidos nas primárias.

  • West Virginia - Shelley Moore Caputo (Senadora desde 2015) x Paula Swearengin (Democrata - Ativista ambiental)


Partido Democrata (7 safe seats)

  • Oregon - Jeff Merkley (Senador desde 2009) x Jo Rae Perkins (Republicana - Conselheira do Condado de Linn)

  • Illinois - Dirk Durbin (Senador desde 1997) x Mark Curran (Republicano - ex xerife do Condado de Lake)

  • Virginia - Mark Warner (Senador desde 2009) x Daniel Gabe ( Republicano - Veterano do Exército)

  • Delaware - Chris Coons (Senador desde 2010) x Candidato republicano a ser escolhido nas primárias

  • New Jersey - Cory Booker (Senador desde 2013) x Rik Mehta (Republicano - Executivo do ramo farmacêutico)

  • Rhode Island - Jack Reed (Senador desde 1997) x Allen Waters (Republicano - Candidato ao Senado Estadual de Massachusetts)

  • Massachusetts - Candidatos a serem escolhidos nas primárias de 1º de Setembro.

Além destas que já estão praticamente definidas, existem 7 disputas em que o resultado já é esperado.


Partido Republicano (4 likely seats)

  • Texas - John Cornyn (Senador desde 2002) x MJ Hegar (Democrata - Major reformada da Força Aérea)

  • Kentucky - Mitch McConnell (Senador desde 1985 e Líder do partido) x Amy McGrath (Ex Fuzileira Naval)

  • Alaska - Dan Sullivan (Senador desde 2015) x Al Gross (Independente/Democrata/Libertária - Cirurgião Ortopédico e Pescador Comercial)

  • South Carolina - Lindsey Graham (Senador desde 2003) x Jamie Harrison (Democrata - Executivo do Partido)

Partido Democrata (3 likely seats)

  • New Mexico - Ben Ray Luján (Democrata - Deputado pelo 3º Distrito) x Mark Ronchetti (Republicano - Metereologista Chefe da KRQE afiliada da FOX) x Bob Walsh (Libertário)

  • Minnesota - Tina Smith (Senadora desde 2018) x Candidato a ser escolhido nas primárias em 11 de Agosto.

  • New Hampshire - Jeanne Shaheen (Senadora desde 2009) x Candidato a ser escolhido nas primárias em 8 de Setembro.

Caso isso se concretize, a situação do senado ficaria:

  • Democratas: 45 senadores

  • Republicanos: 44 senadores.


Desta forma, sobram 11 corridas eleitorais extremamente acirrada entre Democratas e Republicanos.

  • MONTANA - Steve Daines (Republicano - Senador desde 2015) x Steve Bullock (Democrata - Governador desde 2013) - Corrida extremamente acirrada. Bullock é governador do estado e detém uma alta popularidade. A média das pesquisas dá uma pequena vantagem para os democratas: Bullock (46%) x Daines (45,8%).

Steve Daines (R) x Steve Bullock (D)

  • ARIZONA - Martha McSally (Senadora Republicana desde 2019) x Mark Kelly (Democrata - Astronauta) - Corrida onde a incumbente, McSally está em uma situação delicada. McSally já havia perdido as eleições para o Senado em 2018 para a democrata Kyrsten Sinema e foi escolhida em 2019 para ocupar a cadeira de John McCain após a sua morte. McSally tem uma das maiores taxas de rejeição no Senado. A média das pesquisas dá uma vantagem de mais de 10 pontos para o candidato democrata, o astronauta Mark Kelly. Média das pesquisas: Kelly (50,8%) x McSally (40,6%).

Martha McSally (R) - Mark Kelly (D)

  • COLORADO - Cory Gardner (Republicano - Senador desde 2015) x John Hickenlooper (Democrata - Ex-Governador) - Outra disputa favorável para os democratas. Colorado vem se tornando a cada eleição um Blue State, ou seja, estado democrata. Cory Gardner enfrentará um eleitorado altamente democrata, contra um ex-governador bem avaliado. As pesquisas dão uma vantagem de 8 pontos para o candidato democrata Hickenlooper. Média das pesquisas: Hickenlooper (49,5%) x Gardner (41,0%).

Cory Gardner (R) x John Hickenlooper (D)

  • KANSAS - Kris Kobach (Republicano - Ex Secretario de Estado do Kansas) x Barbara Bollier (Democrata - Senadora Estadual e ex-republicana) - Disputa difícil para ambos os partidos. Kobach perdeu nas eleições do Governo do Estado em 2018, para Laura Kelly, uma democrata que conseguiu trazer para sua base alguns senadores e deputados republicanos, entre eles Barbara Bollier. Os republicanos buscavam lançar o Secretario de Estado Mike Pompeo, como uma forma de garantir a cadeira, mas não conseguiram um nome competitivo. A disputa está extremamente acirrada. A média das pesquisas dão uma pequena vantagem, de 1 ponto, para a democrata Barbara Bollier. Média das pesquisas: Bollier (43,0%) x Kobach (42,0%).

Kris Kobach (R) x Barbara Bollier (D)

  • IOWA - Joni Ernst (Republicana - Senadora desde 2015) x Theresa Greenfield (Democrata - Empresária) - Disputa acirrada entre uma senadora experiente e que foi cotada em 2016 para ser a candidata a vice-presidente na chapa de Donald Trump. Ernst jogará contra a desaprovação de Donald Trump que acabou por afetar a sua própria aprovação. A proximidade de Ernst com Trump, tem afetado e muito sua campanha. Iowa é naturalmente um swing state, com uma população partidariamente dividida. Um presidente com baixa aprovação tende a ter dificuldades de conseguir votos no estado, e isso influencia e muito na corrida para o senado. A média de pesquisas dá a candidata democrata, Theresa Greenfield uma pequena vantagem de 2 pontos. Média das pesquisas: Greenfield (47,0%) x Ernst (45,0%).

Theresa Greenfield (D) x Joni Ernst (R)

  • MICHIGAN - Gary Peters (Democrata - Senador desde 2015) x John James (Republicano - Veterano da Guerra do Iraque) - Estado onde Donald Trump venceu por uma pequena margem de 0,2%, e o incumbente é um democrata. Para conseguir o controle do Senado, os democratas devem manter esse assento. É esperado que Peters vença essa disputa, em especial por ter uma vantagem grande nas pesquisas. A média de pesquisas dá uma vantagem de 12 pontos para Peters. Média das pesquisas: Peters (49,4%) x James (37,4%).

Gary Peters (D) x John James (R)

  • ALABAMA - Doug Jones (Democrata - Senador desde 2018) x Tommy Tuberville ( Republicano - Treinador do Auburn Tigers) - Disputa que é provável que os republicanos consigam retomar o assento perdido em 2018. Jones foi eleito de uma forma surpreendente após uma disputa apertada em 2018, todavia é provável que não consiga ter o mesmo êxito este ano. Alabama é um dos estados mais republicanos e conservadores dentro os 50 estados. Esta é uma cadeira que será fácil dos republicanos retomarem. A média de pesquisas indica uma vantagem para Tuberville de 8 pontos. Média das pesquisas: Tuberville (44%) x Jones (36%).

Doug Jones (D) x Tommy Tuberville (R)

  • GEORGIA - David Perdue (Republicano - Senador desde 2015) x Jon Ossoff (Democrata- Jornalista Investigativo) - Na disputa principal do Estado da Georgia, o senador incumbente David Perdue enfrenta o desafio de um jornalista, candidato pelo partido Democrata. Georgia é um estado em que os republicanos vem perdendo sua base, e os democratas aumentando. A disputa se torna acirrada, em especial com a média de pesquisas. Perdue tem uma vantagem de 1,5% e que vem diminuindo ao longo da campanha. Média das pesquisas: Perdue (45.5%) x Ossoff (43%).

David Perdue (R) x Jon Ossoff (D)

  • NORTH CAROLINA - Thom Tillis (Republicano - Senador desde 2015) x Cal Cunningham (Democrata - Senador Estadual) - Outra corrida extremamente acirrada. Estado que votou em Donald Trump em 2016, mas em Obama em 2008 e 2012. Tillis tem baixa aprovação e a alta desaprovação de Donald Trump afeta a sua tentativa de reeleição. A média de pesquisas dá uma vantagem para Cunningham de 6 pontos. Média das pesquisas: Cunningham (46%) x Tillis (40%).

Thom Tillis (R) x Cal Cunningham (D)

  • MAINE - Susan Collins (Republicana - Senadora desde 1997) x Sarah Gideon (Democrata - Presidente da Câmara dos Representantes do Maine) - Disputa difícil para a incumbente Susan Collins. Apesar de representar o estado desde 1997, Collins detém a mais alta taxa de rejeição dentre os senadores que buscam a reeleição. Esse fator, combinado com a rejeição do Presidente Donald Trump e o histórico do Estado, faz com que essa disputa seja um dos alvos dos democratas. A média de pesquisas da uma vantagem para Gideon de 5 pontos. Média das pesquisas: Gideon (45.5%) x Collins (40.5%).

Sara Gideon (D) x Susan Collins (R)

Utilizando a média das pesquisas eleitorais para os estados em que as disputas estão acirradas, podemos considerar que os democratas conseguiriam retomar o controle do Senado pela primeira vez desde 2013. Se a média pesquisas se confirmarem a situação do senado ficaria da seguinte forma:

  • Democratas: 53 senadores

  • Republicanos: 47 senadores


Já na Câmara dos Representantes a situação é ainda mais favorável para os democratas. Somente de "safe seats" os democratas detém 181 assentos enquanto os republicanos 158. A previsão é de que os Democratas mantenham a maioria na Câmara dos Representantes, mas o número de deputados deve permanecer quase o mesmo, com poucas variações positivas ou negativas.

Desta forma, apostado em candidatos mais moderados, em especial nos Estados republicanos ou com alto número de moderados os democratas podem conseguir o controle do Senado. Já na Câmara dos Representantes, a tática é lançar candidatos liberais em distritos mais liberais e candidatos mais moderados em distritos moderados ou historicamente republicanos.

Os Democratas caminham para comandar a Câmara dos Representantes, o Senado e também a Casa Branca. Basta saber, caso as previsões se concretizem, se a agenda predominante 117º Congresso será mais progressista ou moderada.

 

Daniel Pimenta, graduando em Relações Internacionais pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC-Minas), especialista em política eleitoral com foco na política Israelense, Britânica, Americana e Portuguesa.

 



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